terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Olhares

Há olhares que nos marcam.

Alguns ficam-nos cravados na memória, tal como aqueles olhos azuis escondidos num olhar tímido, mas que me deixaram a alma em brasa. Relembro-os debaixo da farripas de cabelo moreno com toda a sua expressividade. Tão lindos, tão perfeitos... Sonho com eles com aquela cor radiante. Porque não conheço eu o dono daqueles olhos? Porque me sinto impotente perante olhar tão grandioso? Porque me ficaram no coração? É uma sensação tão estranha, tão diferente. Nunca me senti assim por um olhar.

Depois temos olhares que nos perturbam, como aquele que hoje me fitou durante os 10 minutos que fiquei no mesmo lugar sentada á espera que o destino me levasse para outro lugar. Senti-me como uma estranha sem alma, dentro dum corpo sem vida. É tão mau sentir que deixamos alguém com o olhar preso a nós. Sentimo-nos impotentes perante o que se passa á nossa volta.

Temos olhares de gratidão. Os melhores. Que nos elevam o espírito quando vemos alguém feliz por algo que nós ajudamos a construir. Aqueles que nos gritam "Obrigado!" e que apenas nos dão um sorriso. Um sorriso tão grande que não nos esquecemos, por mais insignificante que pareça. E são-nos dirigidos com uma tal sinceridade. Trazem-nos aos nossos olhos lágrimas de alegria, de glória...

Existem olhares de apelo, que por vezes nos deixam impotentes perante as fraquezas alheias. Doem no coração, pesam na alma. Não sabemos o que fazer e tentamos com todas as nossas forças reduzir o sofrimento dos outros. Mas por vezes não conseguimos. Por vezes a nossa força não chega. E desejamos ter mais força, só para aquele momento em que compartilhamos a dor de alguém.

E temos mais olhares... dos quais falarei, um dia... Por hoje, fico com aqueles olhos azuis de um qualquer estranho...

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